Djodje pretende conquistar outros mercados no mundo
A Fila Anda, o novo single de Djodje, serve de apresentação ao álbum que sairá este ano. Mais um Afropop, na vertente Kizomba, que desta vez conta com a participação especial do rapper angolano Jimmy P.
“Eu e o Jimmy P já falávamos em fazer uma música juntos há mais de um ano. Até que, certo dia, ouvi o instrumental produzido pelo LBeatz e disse logo que era esta música que tinha de enviar ao Jimmy”, começa por explicar o cantor cabo-verdiano. “Ele gostou muito dela e foi assim que surgiu o single A Fila Anda”, lançado a 29 de Junho.
Mas… o que faz um nome do Hip-hop lusófono num tema que nada tem a ver com o seu estilo musical? Djodje explica: “Às vezes o pessoal do Hip-hop tem muito preconceito, mas o Jimmy P, e ainda bem, pensa simplesmente na música”.
O single que agora saiu fará parte do seu próximo álbum, um trabalho de parto que tem sido difícil, até porque estava prometido que iria sair no ano passado. “Tenho tido muitos concertos, tenho lançado singles e não tive tempo para editar o álbum. Mas se é para editá-lo e dizer que está nas ruas, então mais vale não o fazer. Tenho estado a trabalhar nele com calma”.
Mas vamos ao que interessa, pois o que queremos mesmo saber é quando será possível levar para casa o quarto álbum a solo de Fernando Jorge Marta Silva, o artista de 29 anos que todos conhecem por Djodje, o senhor com cara de rapaz que aos 12 anos mudou-se de Cabo Verde para Portugal.
“Este ano vai com certeza sair, nem que seja só com oito músicas – o que não acontecerá [risos] –, e este single com o Jimmy P é uma das músicas de promoção do mesmo”. Palavra de Djodje.
Os tempos mudam, e longe vai a época em que só se era um músico por inteiro e pleno direito se tivéssemos um álbum editado e lançado. Coisas do passado. Hoje em dia, para marcar presença basta lançar singles, publicá-los no Youtube e esperar que o número de visualizações para cada um chegue à casa do milhão. Alguns concertos pelo meio, com casa cheia, também ajudam a criar e dar robustez à ‘marca’ que é o nome do artista.
Como é que Djodje, que ainda adolescente lançou o seu primeiro single com a banda juvenil TC, tendo sido depois responsável por quatro álbuns a solo – ‘Sempre TC’ (2006), ‘Check-In’ (2010) e ‘Feedback’ (2013) –, se encaixou na nova dinâmica da indústria musical?
“Adaptei-me bem. Temos vários exemplos de artistas que só lançaram uma ou duas músicas e têm uma agenda cheia, com vários seguidores [nas redes sociais] e várias visualizações. Mas, apesar de tudo, estou a ser sincero quando digo que sinto necessidade de lançar o meu próximo álbum.”
Quem costuma ouvir e seguir Djodje já deve ter reparado, entretanto, que o cabo-verdiano tem mais músicas cantadas em português e inglês, embora o crioulo ainda seja dominante, sendo óbvia a aposta no mercado português. Qual o motivo?
“Eu vivo em Portugal [veio para terras de Camões em 2007, com 17 anos] e, graças a Deus, o público português aceitou o meu trabalho de uma forma impressionante. É por isso que vou continuar a apostar cada vez mais no mercado português, fazendo música com músicos portugueses.”
E quanto à língua usada… “Vou continuar a cantar muito em crioulo. O português já cá está há algum tempo, mas tenho puxado o inglês para o meu repertório para tentar expandir um bocado os meus horizontes”. Melhor explicando, Djodje quer tentar entrar noutros mercados musicais, tal como já fazem vários artistas lusófonos. E é para ir até onde, Djodje? “África, Europa, Estados Unidos… o Mundo”, dispara.
As parcerias com músicos de outras latitudes, como acontece em A Fila Anda com o angolano Jimmy P, fazem parte, precisamente, dessa estratégia para chegar a outros mercados, como o próprio admite. “Aliás, o meu single anterior [Be Mine, lançado em Maio passado] foi com um artista nigeriano, uma estrela a nível africano e não só, o Patoranking [faz sucesso a cantar num estilo que mistura o Reggae e o Dancehall]. Os dois fizemos uma música em que canto em inglês. Foi um tema que teve uma boa aceitação no mercado africano e na diáspora.” Já agora, no Youtube a canção passou a barreira do milhão de visualizações.
Em Março de 2017 conseguiu o feito de encher o Coliseu de Lisboa, com a presença do então Ministro da Cultura de Cabo Verde na plateia. “Foi um momento de orgulho, especialmente porque o público encheu a sala”, confessa.
Mesmo assim, quer mais, muito mais: “Ainda não consegui fazer o espetáculo com que sempre sonhei. E, acredito, quando fizer esse concerto ele logo deixará de ser aquele com que sonho”. Que é como quem diz, a ambição de fazer melhor é sempre um crescendo. “Sou exigente e gosto de [estar rodeado] pessoas que também deem tudo”, conclui.
E espetáculos grandes agendados para este Verão? O Festival Sol da Caparica, na cidade portuguesa de Almada, com vista para o rio Tejo, receberá a 17 Agosto o artista, logo no palco principal: no ano passado ficou-se por um dos palcos menores. Segue-se Amesterdão, na Holanda, para participar no Latin Village, também em Agosto. Entretanto, no próximo dia 10 de Julho Djodje atuará nas Festas de Oeiras, em Portugal. Mas há, Igualmente, bilhete de avião para dar um pulo à terra natal, Cabo Verde, e Estados Unidos, pois claro, ou não fosse aí que reside o grosso da diáspora cabo-verdiana.
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